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Entre a Floresta da Araucária, paredões rochosos, cânions, samambaias e maravilhosos recursos hídricos está o Parque Estadual Rio Canoas. Com boa parte das riquezas naturais de Santa Catarina, localizada em Campos Novos, a unidade de conservação, que é uma das 10 do Estado, completa neste domingo, 27 de maio, 14 anos de criação.

Criado pelo Decreto nº 1.871/2004, destaca-se pela biodiversidade, pelas belezas naturais e por elementos que fazem deste um dos recantos mais preservados e encantadores de Santa Catarina. A área de 1.200 hectares é formada por floresta ombrófila mista ou floresta de araucária e serve de abrigo para o xaxim e animais como urubu-rei, pica-pau, gato-do-mato e alguns veados.

Às margens do rio que dá nome a esta Unidade de Conservação, protege um remanescente importante da Mata Atlântica em Santa Catarina, sendo reconhecido pelo Programa Internacional O Homem e a Biosfera, da UNESCO, dentro da chamada Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

A área do parque foi adquirida pela Campos Novos Energia S.A. - Enercan e doada ao Governo do Estado de Santa Catarina como compensação ambiental pelo aproveitamento hidrelétrico de Campos Novos, na Bacia Hidrográfica do Rio Canoas.

Vegetação

O ambiente do Parque é predominantemente florestal, com grande parte dos remanescentes primários e outras áreas em diferentes estágios de regeneração. As áreas de Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária) representam a maior parte, tendo sido alteradas parcialmente pela extração intensa do pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), sem que tenha havido a supressão total da vegetação.

Com pouca expressividade, mas grande importância ecológica, a Floresta Estacional Decidual também ocorre no Parque, mas exclusivamente nos afluentes do rio Canoas que nascem na área ou apenas a cruzam, como no caso do lajeado do Roberto. A interpenetração de ambas florestas em algumas áreas de maior declividade do Parque formam uma região de especial interesse, conhecida como zona de transição ecológica. Outros tipos de vegetação nativa incluem os banhados, a vegetação aquática e a rupestre.

De toda essa rica vegetação, destaca-se no Parque a ocorrência expressiva do pinheirobrasileiro (Araucaria angustifolia) e do xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana), ambas espécies ameaçadas de extinção, segundo a lista do IBAMA.

Fauna

As transformações ambientais nas florestas e as atividades agrícolas da região influenciaram muito a composição da fauna que ocorre hoje no Parque. Apesar de algumas espécies não existirem mais no local, as matas do Parque ainda representam um importante refúgio para uma grande diversidade de animais, muito deles considerados raros ou ameaçados de extinção. É o caso, por exemplo, no grupo dos mamíferos, do puma (Puma concolor), da jaguatirica (Leopardus pardalis) e de outros dois gatos-do-mato (Leopardus tigrinus e Leopardus wiedii).

Dentre as 128 espécies de aves encontradas no Parque, a maioria típica de ambientes florestais, destacam-se dois papagaios ameaçados de extinção bastante ligados à mata de araucária: o papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) e o papagaio-charão (Amazona pretrei). Soma-se a estas uma grande diversidade de aves, desde pequenos pássaros indicadores da qualidade ambiental do Parque até rapineiros como o imponente urubu-rei (Sarcoramphus papa), já bastante raro em Santa Catarina.

Os répteis e os anfíbios são grupos que também ressaltam a importância biológica do Parque, com 6 e 25 espécies identificadas, respectivamente, dentre as quais algumas de distribuição restrita ou ameaçadas de extinção.

Beleza hídrica

Tanto a beleza hídrica quanto o potencial turístico devem-se pela diversidade encontrada, representada pelos rios e quedas d’água e lagoas florestais.

Em locais de saturação do solo e pequeno escoamento se encontram as lagoas do Parque, sendo as 2 maiores conectadas ao afluente do lajeado do Roberto. Algumas delas permanecem bastante escondidas nas matas formando ambientes peculiares de grande beleza cênica e importância ecológica.

Diversidade

A boa diversidade da fauna, ao que tudo indica, deve-se ao fato do Parque representar o maior contínuo florestal de uma região onde os fragmentos florestais permaneceram conectados, principalmente pelas matas de galeria do rio Canoas. Essa característica de refúgio e conexão com corredores ecológicos traz ainda maior significância para o papel do Parque na conservação de animais nativos da região.

Foto: Antônio Carlos Mafalda/ Mafalda Press