202009161134

Estas sementes, não solicitadas, estão sendo endereçadas à cidadãos comuns, em pequenos pacotes atrelados à compra realizada, como se fossem um brinde. Em alguns casos, até mesmo pessoas que não tenham solicitado qualquer mercadoria daquele País recebem estas embalagens. O conteúdo destes pacotes são sementes de diferentes espécies vegetais não identificadas.

Tais pacotes, não vem corretamente identificados, alguns  inclusive, descrevendo o conteúdo como “joias”, mas que contêm as sementes. Além disto, as embalagens possuem ainda identificação, supostamente, com caracteres chineses.

A orientação da Cidasc é para que, caso o cidadão não tenha feito nenhuma compra, mas tenha recebido um pacote suspeito não abra, não semeie e não jogue no lixo. Leve-o até um escritório da Cidasc ou do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, mais próximo para que sejam recolhidas. Também está disponível para contato os telefones 0800-644-6510 ou (48) 3665 7300 (WhatsApp), do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal do estado, onde a pessoa poderá solicitar orientações adequadas.

Apesar de parecerem inofensivas, estas sementes clandestinas podem estar contaminadas e disseminar pragas e doenças e, assim, causarem sérios prejuízos econômicos e danos do ponto de vista da defesa sanitária vegetal, tal como vivenciamos atualmente com a pandemia por Covid-19.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, órgão que fiscaliza a entrada de material de multiplicação vegetal sem importação autorizada no Brasil, também já fez um alerta aos cidadãos para que tenham cuidado e não abram pacotes e encomendas que chegarem às suas residências, sem conhecimento. 

De acordo com a legislação brasileira, todo material de multiplicação vegetal, é considerado semente ou muda e a importação de qualquer quantidade destes produtos deve ter autorização do MAPA, mediante solicitação do interessado pela compra.

Em Santa Catarina, a Cidasc é o órgão estadual responsável pela Defesa sanitária vegetal e que através de um trabalho estratégico e sistemático de monitoramento, vigilância, inspeção e fiscalização da produção e do comércio de plantas, partes de vegetais ou produtos de origem vegetal veiculadores de pragas, protege o patrimônio agrícola e garante a sólida condição socioeconômica do Estado de Santa Catarina. 

Risco da utilização de sementes ilegais

– Plantas Daninhas: introdução de alguma espécie  vegetal sem ocorrência no Brasil, o que pode dificultar o controle da mesma e/ou aumentar o uso de agrotóxicos, afetando a produtividade agrícola e pecuária, além dos riscos ao ambiente.

– Insetos: sementes podem ser disseminadoras de insetos praga, comprometendo a produtividade de lavouras e aumentando o custo produção.

– Fungos, Bactérias e Vírus: sementes sem procedência podem vir contaminadas e tornam-se vetores de grandes epidemias de doenças no campo e, consequentemente, a perda de produtividade e o aumento do custo da produção.

Primeiro relato em Santa Catarina

O primeiro caso de recebimento deste tipo de embalagem no estado de Santa Catarina foi registrado em Jaraguá do Sul. A pessoa realizou a compra de um objeto de decoração através da internet e ao receber a encomenda, recebeu também outro pacote contendo duas embalagens com as sementes clandestinas.

Já ciente desta ação em outros países, o cidadão procurou a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural – SAR, que, por sua vez, acionou a Cidasc para realizar o recolhimento das referidas sementes e o encaminhamento das mesmas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. 

Pelo Mundo

Vários países da União Europeia e também os Estados Unidos da América já registraram os recebimentos de pacotes de sementes não solicitados provenientes de países asiáticos. Ainda não há evidências de quando começaram os envios tampouco o volume de encomendas já distribuídas.

Em julho, agricultores dos EUA relataram o recebimento de embalagens de sementes não solicitados vindos da China. “Neste momento não temos informações suficientes para saber se isso é uma farsa, brincadeira, fraude ou ato de bioterrorismo agrícola”, declarou o comissário da Agricultura do estado do Kentucky (EUA), Ryan Quarles. 

As autoridades dos EUA dizem que existe a possibilidade de vendedores chineses estarem usando dados e endereços de consumidores americanos que efetuam compras pela internet para fazer vendas falsas, e assim, aumentar a classificação positiva dos seus produtos em sites de compra e venda.

O Ministério de Agricultura de Portugal também emitiu um alerta sobre os sérios riscos que estas embalagens com sementes, provenientes de países asiáticos, podem acarretar do ponto de vista da sanidade vegetal, pela possibilidade de veicularem pragas e doenças ou ainda pelo perigo de se tratarem de espécies nocivas ou invasoras.

Foto: Gabriel Zapella