• Dengue

Olhar incrédulo, pés descalços, calça rasgada, camiseta coberta pelo preto da fuligem. Este é Carlos Cassini, coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Olhos marejados, óculos embaçado pelas cinzas, o rosto completamente sujo. Esse é Aurélio Aguiar, gerente de Áreas Naturais Protegidas do IMA.

Olhos tristes, dor nas costas, nas mãos calejadas pelo trabalho incansável, o abafador que conteve tantos focos de incêndio. Esse é Rogério Rodrigues, diretor de Biodiversidade e Florestas do IMA.

Além das roupas sujas e da tristeza aparente, apenas a determinação em apagar o fogo e a paixão pelo Parque eram mais evidentes nesta quarta-feira, 11 de setembro, a quem cruzava com os três pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Nem a exaustão das noites mal ou nem dormidas e a incredulidade pelos novos e grandes focos que surgiam entre a vegetação conseguiram ser maiores que a vontade de salvar o máximo possível desta que é a maior Unidade de Conservação Estadual.

Muito além do cansaço, da fome e da sede, a parada para o almoço só foi possível às 16h desta quarta-feira, 11 de setembro, após horas ininterruptas de combate ao fogo. Mesmo assim, minutos após ingerir o alimento, já estavam eles indo novamente lutar contra as chamas.

Todo o sacrifício, dedicação, suor e garra dos três servidores do IMA refletem a mesma determinação e empenho empregados por cada pessoa que participou do combate às chamas. Por cada um que integra o Corpo de Bombeiros, que compõe a Polícia Militar Ambiental e por cada voluntário que de uma forma ou outra colaborou para o êxito da operação.

O olhar entristecido, o cheiro e sujeira nas roupas, as mãos calejadas são apenas uma demonstração da coragem, da capacidade, da fibra e da participação incansável de cada profissional que atuou na força-tarefa no Parque da Serra do Tabuleiro.

Das viaturas, aos caminhões, aos helicópteros, a cada gota de água, a cada batida dos abafadores, a cada passo dado entre a vegetação, por vezes difícil de ser acessada, a cada gota de suor derramada pela bravura de centenas de homens que não descansaram até ver o Parque novamente a salvo.

Dos jovens que voluntariamente ofereceram ajuda, ao casal que, comovido pela situação, levou comida aos que estavam na batalha de apagar o fogo, às equipes de resgate e salvamento que percorreram quilômetros e quilômetros da mata já queimada na esperança de encontrar algum animal ainda com vida, aos moradores que também se mobilizaram e da forma como puderam ajudaram a apagar os menores focos, o incêndio mostrou também que ainda há muitos em prol do bem, lutando pelo meio ambiente, na busca por um futuro saudável e sustentável.

O incêndio no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, provavelmente, ocasionado pela ação humana revela que uma ou algumas pessoas podem destruir, mas que sempre serão maiores as que, incansavelmente, lutarão para conservar. Um foco de incêndio pode surgir ou ser colocado, mas tantas mais serão as mãos que imediatamente estarão postas para apagar. Um ou alguns podem não entender a importância da preservação de cada centímetro da Unidade de Conservação, mas incontáveis outros estarão dia a dia trabalhando pela conservação de cada espécie, cada planta, cada folha, cada animal, cada ecossistema.

Apesar dos estragos, a natureza vai se recuperar. Ela é maior que as adversidades. Mais forte que os incidentes e imprevistos. E com o apoio e amor de tantos homens e mulheres, como os que participaram da operação no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, o meio ambiente sempre vai vencer.

Cabe ao IMA agradecer a cada um que colaborou para o combate e controle do incêndio no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. Cabe a cada cidadão deste universo a conscientização sobre a importância de cada ecossistema, de cada ser vivo que habita este mundo. Cabe a todos a união de esforços e de amor, como ocorreu no Parque da Serra do Tabuleiro, para salvar o que de melhor o planeta nos oferece, a natureza.

Nas fotos: Carlos Cassini, coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, observa incrédulo o fogo dominar a vegetação. E abaixo a bióloga que passava pela região se emociona ao ver o incêndio destruindo parte da Unidade de Conservação.