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A motivação inicial para a criação da Unidade de Conservação na localidade Vale do Rio Ricardo, município de Joinville, foi a oportunidade oferecida pelo Banco Central do Brasil pela doação de imóvel de sua propriedade, com área de 15.125.000 m², para esta finalidade. Após uma primeira vistoria, em 1992, pela então Fundação do Meio Ambiente – FATMA, verificou-se que a área tinha potencial para ser protegida diante da cobertura florestal nativa bem conservada, propiciando refúgio para a fauna local, e como corredor ecológico para outras áreas protegidas da região.

A área está em um importante contexto de conectividade com outras áreas protegidas e remanescentes de vegetação nativa, formando um corredor ecológico, ao nível de paisagem, que se estende do norte do estado do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro. Embora a vegetação não forme um continuum sem interrupções, este corredor é de elevada importância para as estratégias de conservação do bioma Mata Atlântica. Em nível regional, a área se mostra relevante para manter a conectividade entre remanescentes florestais da Serra do Mar do norte de Santa Catarina e com os do sul do estado do Paraná. Mesmo a região apresentando-se com boa cobertura de vegetação nativa florestal e de campos naturais, a pressão exercida pelo desmatamento, caça, extração de palmito e construção de pequenas centrais hidrelétricas, justifica o regime de proteção especial para o imóvel em questão.

A vegetação da área do imóvel possui características que coincidem com a descrição realizada por Klein (1978) para a “Floresta Tropical do alto da Serra do Mar”, uma vegetação que ocorre apenas nessa região, e “Floresta Tropical das encostas da Serra do Mar”. Estas são caracterizadas por espécies como canela-amarela (Nectandra lanceolata), tanheiros (Alchornea triplinervia e A. sidifolia), taquaras, bem como palmeira-jussara (Euterpe edulis), canela-preta (Ocotea catharinensis) e laranjeira-do-mato (Slonea guianensis). Algumas espécies vegetais ameaçadas de extinção identificadas na área foram cedro (Cedrela fissilis) e xaxim (Dicksonia sellowiana).

Em relação à fauna o imóvel do Banco Central é especialmente caracterizado pela alta disponibilidade hídrica, propiciando habitat para as espécies que dependem de ambientes aquáticos e ripários. Ainda, a presença marcante de epífitas nos estratos da vegetação e também sobre o solo, acaba por disponibilizar microhabitats aquáticos necessários para diversas espécies de invertebrados e vertebrados, com destaque para aquelas que possuem sua reprodução associada a bromélias-tanque de solos, principalmente, de anfíbios, as quais muitas vezes requerem ambientes florestais íntegros.

Além disso, considerando que pouco menos de 85% das espécies de bromélias na Mata Atlântica são polinizadas por beija-flores (Varassin, 2002) espera-se uma elevada abundância deste grupo da avifauna na área de estudo. Já no grupo dos mamíferos foram encontrados vestígios de anta (Tapirus terrestris), espécie ameaçada de extinção no estado, assim como existe a provável ocorrência de outras espécies ameaçadas como puma (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis) e bugio-ruivo (Alouatta guariba).

Portanto, a área em questão possui atributos biológicos relevantes para a criação de uma Unidade de Conservação e está inserida em um contexto, em nível de paisagem que contribui para a conectividade ambiental, o que é mais um fator que reforça a proteção especial da área.

Créditos fotos: Luciano Bonotto

O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina disponibiliza para consulta e download todos os estudos realizados para a criação da Reserva Biológica Estadual Vale das Nascentes.

pdf Estudo Técnico REBES Vale das Nascentes (5.60 MB)

pdf Relatório Consulta Pública REBES Vale das Nascentes (756 KB)