O Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) firmou um Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) para fortalecer a identificação de florações de algas no Litoral do estado. A parceria, com vigência de cinco anos, visa ampliar o escopo do Programa de Monitoramento da Balneabilidade, que hoje acompanha 238 pontos distribuídos ao longo da costa catarinense.
Em julho do ano passado, microalgas provocaram o aparecimento de manchas alaranjadas no mar, entre Florianópolis e São José (Foto: Arquivo /IMA)
O programa é regulamentado pela Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) número 274/2000, que estabelece critérios para a classificação das praias como próprias ou impróprias para banho, baseado, atualmente, na concentração da bactéria Escherichia coli. A mesma norma aponta que outros fatores, como a presença de algas ou organismos nocivos, também podem comprometer a qualidade da água para contato primário.
As chamadas florações de microalgas são eventos de crescimento acelerado desses organismos que podem alterar significativamente as características visuais e químicas da água, além de liberar toxinas capazes de afetar a saúde humana e a fauna aquática. Algumas dessas substâncias, conhecidas como ficotoxinas, estão associadas a efeitos neurológicos, gastrointestinais, dermatológicos e respiratórios, dependendo da espécie envolvida e do nível de exposição.
“Diante desses riscos, é fundamental contar com estrutura técnica capaz de identificar rapidamente a presença de organismos nocivos, mesmo em águas que apresentam baixos níveis de contaminação bacteriológica”, explica o gerente de Laboratório e Medições Ambientais do IMA, Marlon Daniel da Silva.
Manchas amareladas apareceram na água da Lagoa da Conceição, em 2021, por ocorrência da floração de microalgas (Foto: Arquivo / IMA)
Rápida identificação
O Laboratório de Algas Nocivas e Ficotoxinas (Laqua), sediado no campus do IFSC em Itajaí, atuará como núcleo técnico para diagnóstico e emissão de laudos em até 72 horas após o recebimento das amostras, quando demandado pelo IMA diante de episódios de florações de algas.
Além da emissão de laudos, o acordo prevê capacitação de servidores do IMA em amostragem e preservação de microalgas, reuniões técnicas trimestrais, intercâmbio de dados e publicação científica dos resultados. “Trata-se de uma iniciativa importante para aprimorar a avaliação da balneabilidade em Santa Catarina, integrando novas variáveis que influenciam diretamente a experiência e a segurança dos banhistas, além da própria integridade do ecossistema”, destaca o diretor de Controle, Passivos e Qualidade Ambiental do IMA, Diego Hemkemeier Silva.
Conforme a presidente do Instituto, Sheila Meirelles, com essa cooperação o Estado busca fortalecer sua capacidade institucional e dar um passo importante na construção de respostas mais ágeis, técnicas e integradas diante dos desafios ambientais do litoral catarinense. “Já somos reconhecidos pelo trabalho no monitoramento da balneabilidade e, com essa parceria, vamos dar ainda mais qualidade, com base em dados científicos, para as ações desenvolvidas”, disse a presidente.

Laqua
Nos últimos anos, os pesquisadores do Laqua já apoiaram o IMA na análise de episódios de floração registrados em áreas sensíveis: em 2021, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, houve coloração avermelhada da água associada à presença da microalga Fibrocapsa japonica; em março de 2024, a proliferação massiva e de grandes proporções de uma microalga marinha foi associada à mortandade de peixes em São José e Florianópolis; já em julho do mesmo ano, na Baía Sul, entre Florianópolis e São José, foi detectada a microalga Dynophisis spp., a qual gerou manchas alaranjadas na água.
Embora nem sempre diretamente responsáveis pela primeira identificação, os pesquisadores do IFSC contribuíram com análises complementares e subsídios relevantes para o entendimento desses fenômenos.
O Laqua é reconhecido por sua atuação técnica e por manter uma postura científica propositiva, colaborando ativamente com a gestão ambiental do Estado e com a compreensão dos eventos que ocorrem no território catarinense. Com experiência consolidada no monitoramento de microalgas e ficotoxinas, o laboratório também atua junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e à Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), especialmente em áreas de cultivo de mariscos, ostras e mexilhões.